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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

John Napier

Napier viveu 67 anos, entre 1550 a 1617, na época do Renascimento. Shakespeare, na Inglaterra, com a fama de maior dramaturgo de todos os tempos, publicava Sonhos de uma Noite de Verão, Hamlet, O Mercador de Veneza, Otelo e Romeu e Julieta.

Miguel de Cervantes, na Espanha, escrevia um dos livros mais famosos da literatura mundial: Dom Quixote, no qual criticava a cultura medieval, na figura grotesca de seu personagem que investe contra moinhos de vento por imaginar estar lutando com gigantes. 

Luis de Camões, em Portugal, lança seu Lusíadas, que traduz a epopéia do povo português conquistador dos mares. O livro, com seus poemas épicos, narra as inúmeras viagens do navegante e descobridor Vasco da Gama.

Martinho Lutero, fanático religioso alemão, defende suas idéias sobre a tendência dos católicos: serem donos do mundo material e espiritual. Seus pensamentos produzirão uma crise religiosa de proporções comprometedoras para o futuro da Igreja.

No século XVI acontecem profundas modificações políticas e econômicas na Europa, que, impulsionada pelo capitalismo e futuramente pela Revolução Industrial, induzira o nascimento de uma burguesia poderosa. Surgem então condições financeiras para o desenvolvimento da cultura européia.

Matemático escocês, John Napier, barão de Merchiston, nasceu no castelo de Merchiston, nas proximidades. de Edimburgo, no ano de 1550. Ao contrário de muitos homens importantes para a ciência, Napier viveu cercado de luxo: farta comida, boas roupas, excelentes professores, carruagens, enfim, tudo o que o dinheiro pode comprar. Seu tio materno, Adam Bothwere - primeiro bispo de Orkney, amigo do rei Jaime VI-, e seu pai possuíam grande influência política e financeira na Escócia daqueles dias. A família Napier detinha a cobiçada posição de estar entre as vinte maiores fortunas da Europa.

Desde pequeno, Napier mostrou-se diferente dos demais jovens da sua classe social. Em vez de dedicar-se à caça e à guerra, preferia as atividades intelectuais. Revelou-se brilhante estudioso, péssimo caçador e desajeitado guerreiro. Dotado de temperamento irascível, em uma tarde de 1569 procurou o seu vizinho, lorde Kalliran, para reclamar que seus pombos estavam invadindo o castelo de Merchiston e quebrando o silencio sepulcral de que precisava para estudar. Como Kalliran não tomasse nenhuma providência, não teve dúvidas: envenenou todos os pombos espalhando pelo castelo grãos de milho recheados com cianureto.

"...todos que me conhecem sabem

que detesto barulho. O silêncio é

o melhor aliado que um homem

pode ter para conhecer a natureza e

a si próprio. Detesto pombos..."

Ate os doze anos Napier teve aulas particulares em seu castelo, com importante professores escoceses, especialmente contratados por seu pai. Aos treze anos, ingressou na Universidade de St. Andrews, destacando-se como um dos melhores alunos. Por sua grande capacidade intelectual, o bispo de Orkney sugeriu à família de Napier que o mandasse à França, onde poderia ter acesso a mestres que então revolucionavam a Matemática e a Filosofia. Assim Napier foi para a França, onde só ficaria durante um ano, pois sentia falta da família e de Merchiston.

Ao regressar ao seu castelo, Napier trouxe consigo cinco professores de Matemática para ensiná-lo. Além da Matemática, passou a interessar-se por Teologia; prova disto é o livro que publicou em 1593  Descoberta evidente de toda Revelaçã0 de São João, onde critica radicalmente a Igreja, fazendo suas próprias interpretações das escrituras bíblicas:

               "Deve-se interpretar a Bíblia de

              um modo mais cientifico e menos

              fanático".

Os assuntos tratados no livro são fúteis, sem nenhum conteúdo filosófico, mas nota-se que Napier assimilara a maneira grega de raciocinar. É interessante verificar que este seu livro, no qual afirma ser o papa o anticristo, teve vinte edições consecutivas em sua época, ao contrário de Miriftci Logarithmorum Canonís Discriptio (Uma Maravilhosa Descrição das Leis da Evolução), obra de arte em que cria os logaritmos e que teve apenas duas edições: 1614 e 1619.

"... ultimamente (1581) tenho dedicado o meu tempo a interpretação de uma outra forma de se fazer Matemática. Estudo também, a pedido do rei,   máquinas de guerra..."

Napier ficou conhecido em toda a Escócia, no ano de 1585, quando inventou várias máquinas destinadas à guerra. Seus engenhos militares eram capazes de arremessar bolas de ferro a metros de distância, com uma precisão muito boa para a tecnologia da época. Napier iria arrepender-se por tais estudos e construções, condenando-se por ter dado a seus patrícios o poder da destruição.

Em 1590 descobriu os logaritmos e tornou-se famoso internacionalmente, passando a ser considerado um grande matemático e, principalmente, eficaz colaborador na resolução dos complicados problemas que apareciam na Astronomia. Esta descoberta revelou-se uma das mais importantes concepções matemáticas criadas pelo homem, antecipando os computadores na solução de contas indigestas. Os logaritmo eram não só um artifício que simplificava de maneira considerável a computação aritmética, mas também um incremento ao princípios fundamentais da análise matemática. A partir deles, sentiu-se necessidade de criar nova estrutura filosófica para comportar e interpretar tal instrumento de cálculo.

A descoberta dos logaritmos aconteceu quando Napier procurava uma relação de correspondência entre as progressões aritméticas e as progressões geométricas, quando teria escrito em latim:

Logarithmorum 2 basis 2 aequales 1.

Logarithmorum 4 basis 2 aequales 2.

Logarithmorum 8 basís 2 aequales 3.


E em português:

A evolução de 2 na base 2 é igual a 1.

A evolução de 4 na base 2 é igual a 2.

A evolução de 8 na base 2 é igual a 3.

A notação dos logaritmos como a conhecemos hoje é devida ao astrônomo e matemático Kepler que, em suas publicações de 1621, 1622 e 1624, escreveu respectivamente:

Logarithmorum 8basis 2 aequales 3

Logarithm 8 b2 = 3

Log2 8 = 3

Bonaventura Cavalieri, matemático italiano, foi o segundo a utilizar-se dessa notação simplificada no seu Directorium Gene­ralis Uranometricum (Dados Gerais Medidos), escrito em 1632.


A descoberta de Napier seria de extrema importância para o Cálculo Diferencial, que surgiria tempos depois. Após a formalização da técnica, passou a trabalhar na construção de tábuas logarítmicas, que seriam publicadas posteriormente.

Mesmo antes de sua publicação, as tabelas despertariam grande curiosidade, principalmente em astrônomos como Tycho Brahe, que viu nos logaritmos um instrumento de trabalho muito importante, por minimizar o tempo gasto na resolução do cálculos das órbitas dos planetas.

O barão de Merchiston teve uma preocupação grande com o ensino da Aritmética; chegou mesmo a escrever, em 1617 um livro sobre educação matemática - Rabdologia - Nemerationis per Vírgulas Livri Duo (Dois Livros sobre as Operações dos Números com a Ajuda de Vírgulas). Neste introduziu, entre outras coisas, um processo muito criativo de agrupar números

Estrutura - a

9.9 + 7 = 88

98.9 + 6 = 888

987.9 + 5   = 8888

9876.9 + 4   = 88888

98765.9 + 3 =  888888

987654.9 + 2   = 8888888

9876543.9 + 1   =  8888888

98765432.9 + 0   =  888888888

Estrutura b

12345679.09 = 111111111

12345679.18 = 222222222

12345679.27 = 333333333

12345679.36 =  444444444

12345679.45  =   555555555

12345679.54  =    666666666

12345679.63 =  777777777

12345679.72 =  888888888

12345679.81 =  999999999    

O ponto máximo do seu Rabdologia, porém, é o processo para multiplicar dois números, mundialmente conhecido como Método das Tiras de Napier.

 ".... chamo de Tira ao processo que inventei para multiplicar dois números. Esse trabalho resultou da dificuldade que verifico em fazer­mos contas com os algoritmos modernos (1617). Todos são pobres e nada práticos De certo modo, as escolas e seus professores devém se preocupar em não confundir o pensamento dos seus alunos. Pois bem. se continuarem a ensinar esses processos de multiplicação e não a Tira, sabe-se que..."

".... descobri esse novo método de multiplicar dois números enquanto brincava com seqüências. Escrevia diversos números em fitas de papel e as deslocava para cima e para baixo: procurava uma lógica. Ficava horas e mesmo dias brincando...,'

Napier morreu a 4 de abril de 1617 em seu castelo de Merchiston, aos 67 anos vítima de um ataque cardíaco.

referencias: site cola da web

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