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terça-feira, 2 de agosto de 2011

Matemáticos revolucionam administração de anestesia

Um sistema inovador de administração de anestesia está a ser utilizado no Hospital de Santo António, no Porto. Através de um sistema que contabiliza os dados pessoais dos doentes e a concentração de fármaco pretendida pelo médico, duas seringas administram as doses - que são calculadas por computador. "Todas as decisões são tomadas pelo médico, mas a máquina é agora um grande auxiliar", explica o anestesista Pedro Amorim. A preparação de doentes para as operações torna-se mais rigorosa e estável, ao mesmo tempo que os custos e a morbilidade podem ser reduzidos.

A iniciativa resulta de um projecto de investigação científica que envolve, para além de médicos anestesistas, uma equipa de matemáticos da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. As vantagens do novo sistema, que está a ser usado no bloco operatório de neurocirurgia para controlar a inconsciência e a analgesia são, explica o médico especialista, "para benefício do doente".

Como explica o especialista, "a anestesia recorre a fármacos muito potentes. Pode haver pequenas cirurgias, mas não há pequenas anestesias". Contudo, a anestesia em excesso tem efeitos colaterais (como uma depressão da função respiratória ou das tensões arteriais) que se querem evitar, já que aumenta, por exemplo, a taxa de mortalidade do acto cirúrgico.

Mas administrar anestesia a menos também pode ser traumático para o doente que, imobilizado por relaxantes musculares, pode acordar a meio da operação sem disso conseguir dar sinal, havendo ainda o perigo de sentir a dor. Uma das grandes preocupações dos médicos, que trabalham sobretudo com base na sua experiência e instinto profissional é, assim, "não dar anestesia a menos, mas também não pecar por excesso".

ecnologia. O sistema de administração usado no Santo António, único hospital do País com esta tecnologia, "adequa ainda as necessidades anestésicas às características individuais do doente". Ou seja, na contabilização da dose a administrar considera o sexo, a idade, a altura e o peso. Segundo explica Catarina Nunes, matemática da FCUP, é através de algoritmos que "se controla a concentração de fármacos para a manter constante". Assim, os ajustamentos do produto no decorrer na operação tornam-se mais "fáceis" e obtêm "uma resposta mais rápida do doente".

Outra vantagem deste método de administração é que permite ainda um despertar mais rápido do doente no fim da operação, ou seja, explica Pedro Amorim, "há um controlo melhor da profundidade da anestesia". E um acordar precoce é essencial quando, por exemplo, um doente passa oito a dez horas numa mesa de operações em neurocirurgia.

"O despertar mais rápido possibilita uma avaliação neurológica muito precoce e a detecção de complicações", adianta o médico. Além de se "poupar na utilização do bloco operatório, está ainda demonstrado que os doentes passam depois menos tempo na sala de recobro". Mas os ganhos desta nova tecnologia não residem apenas aí. Permite também poupar na quantidade de anestésicos que são administrados ao doente (evitando excessos) e nas drogas que anulam os efeitos de anestesia em excesso.

"É claro que esta tecnologia tem um preço, mas numa análise custo-benefício, tende a ser vantajosa, sobretudo ao longo de determinado período de tempo", explica ainda Pedro Amorim.

Actualmente, este sistema foi desenvolvido apenas para investigação, mas o objectivo é torná-lo um produto comercial dentro de dois ou três anos, até porque as soluções actualmente existentes no mercado "são menos completas e mais simplificadas". 


FONTES:    
zambonato.blogspot.com

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