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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

HISTORIA DO IMPA

O IMPA foi a primeira unidade de pesquisa criada pelo Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq), somente um ano após a própria criação, em 1951, desta agência de fomento e pesquisa fundamental para o Brasil. Teve sempre caráter nacional e foi sempre voltado para o estímulo à pesquisa científica em matemática e à formação de novos pesquisadores, bem como para a difusão e o aprimoramento da cultura matemática no país. Essas atividades, estreitamente relacionadas entre si, visam promover o conhecimento matemático, fundamental para o desenvolvimento das ciências e da tecnologia em geral, o que por sua vez é essencial para o progresso econômico e social da Nação.
Inicialmente o IMPA ocupou uma sala do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), na Praia Vermelha, Rio de Janeiro. Além de seu diretor, Lélio Gama, faziam parte de seu quadro de pesquisadores, Leopoldo Nachbin e Maurício Peixoto, um grupo diminuto mas ilustre.
Seu prestígio acadêmico consolidou-se a partir de 1957, quando iniciou-se a realização dos Colóquios Brasileiros de Matemática, que acontecem a cada dois anos e de cerca de 50 participantes inicialmente, reune hoje mais de 1200 matemáticos. Naquele ano, o IMPA mudou-se para a Rua São Clemente, em Botafogo, e Elon Lima e Paulo Ribenboim passaram a integrar seu grupo de pesquisadores. A atuação do Instituto centrava-se na formação de pesquisadores e docentes mesmo sem ter um programa formal de pós-graduação, e no estímulo ao desenvolvimento de outros centros de pesquisa matemática no país. O intercâmbio científico com o estrangeiro era também muito estimulado. Sua biblioteca contou desde o início com coleções de periódicos de muito bom nível: hoje é considerada verdadeiramente excelente em padrões internacionais.
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Antiga sede do IMPA em Botafogo
Em 1957, o IMPA mudou-se para a Rua São Clemente 265, em Botafogo. O Instituto ocupou esse prédio durante dez anos.

Em 1962 iniciaram-se os programas de mestrado e doutorado em matemática mediante convênio com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que concedia oficialmente os títulos de mestre e doutor.
Nesta época, os recursos disponíveis eram exíguos e o IMPA mantinha um número reduzido de pesquisadores. Este cenário alterou-se notavelmente a partir de 1967, quando recebeu grande apoio financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE, atualmente BNDES). Pouco antes, a partir de 1966, Lindolpho de Carvalho Dias tornou-se seu diretor, em substituição a Lélio Gama, cargo que ocupou até 1969 e também de 1971 a 1979 e de 1980 a 1989. Elon Lages Lima foi seu diretor em várias ocasiões: de 1969 a 1971, de 1979 a 1980 e de 1989 a 1993. No período de 1993 a 2003, a direção foi exercida por Jacob Palis e a partir de setembro de 2003 por César Camacho.

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Antiga sede do IMPA no Centro
Em 1967 o IMPA mudou-se para a Rua Luís de Camões 53, um prédio histórico no centro do Rio de Janeiro (atualmente sede do Centro Cultural Hélio Oiticica), ficando aí até 1981.

Já em 1968 o IMPA, com apoio do BNDES e posteriormente da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), além do próprio CNPq, ampliou seus quadros com matemáticos brasileiros em atividade no exterior ou doutorando-se nas melhores instituições estrangeiras. A partir de 1970 estabeleceu programas regulares de mestrado e doutorado, com uma grande expansão de suas atividades de pesquisa e formação de pesquisadores. Sem diminuir a importância do papel inicial de seus fundadores, esta nova e fundamental etapa deveu-se ao trabalho de novas gerações de matemáticos.
De fato, as mudanças institucionais realizadas no CNPq na década de 70 permitiram que o IMPA desse um salto qualitativo e ampliasse suas atividades, pela oportunidade de contratação de um quadro fixo de pesquisadores. Até então seus pesquisadores ou eram mantidos por bolsas de estudo, ou tinham posições em outras instituições, brasileiras ou estrangeiras. Isto permitiu a expansão e diversificação das linhas de pesquisa e, conseqüentemente, de formação de jovens pesquisadores.
Os programas de mestrado e doutorado passaram a ter caráter regular, sendo o IMPA a primeira instituição em matemática a ter, a partir de 1971, mandato do Conselho Federal de Educação para outorgar os graus de mestre e doutor. Desde então, tem merecido sempre menção máxima junto à Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal (CAPES). O conceito de que goza o IMPA nacional e internacionalmente resulta da qualidade de sua pesquisa científica e de seu papel na formação de novos pesquisadores: mais de 230 doutores e 450 mestres, até o momento.
A partir de 1970 estabeleceu novas áreas de atuação como Geometria Algébrica e Diferencial, Probabilidade e Estatística, Pesquisa Operacional e Economia Matemática. Até então as atividades concentravam-se basicamente em Sistemas Dinâmicos e Topologia Diferencial. Mais tarde consolidar-se-iam as áreas de Equações Diferenciais Parciais, Dinâmica dos Fluídos e Computação Gráfica.

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Atual sede do IMPA no Jardim Botânico
Em 1979 iniciou-se a construção da sede própria do IMPA localizada na Estrada Dona Castorina, 110 no Jardim Botânico. Essa sede foi inaugurada em 1981.

Um marco importante na consolidação do IMPA foi a construção de sua sede própria, no Horto Florestal, Jardim Botânico, inaugurada em julho de 1981, com um Simpósio Internacional de Sistemas Dinâmicos, além da presença de vários matemáticos de outras áreas. A consolidação do quadro científico prosseguiu, elevando-se ao longo desta década a 32 pesquisadores, todos com doutorado.
Desde o início de suas atividades, o ensino de matemática no IMPA esteve sempre associado à pesquisa, e orientou-se no sentido de apoiar as instituições universitárias nacionais, e mais tarde, latino-americanas, a desenvolver elas próprias tais atividades em alto nível. Tiveram importância fundamental, além dos programas de formação de pesquisadores (mestrado e doutorado), o fomento ao intercâmbio de pesquisadores, inclusive com o estrangeiro, e realização de reuniões científicas e do Colóquio Brasileiro de Matemática, bem como os Programas de Pós-Doutorado e Pós-Graduação de Verão.
O Pós-Doutorado inclui atividades de longa duração (1 a 2 anos), e também de curta duração (1 a 3 meses), estes geralmente tendo lugar durante o Pós-Doutorado de Verão. Oferece sempre várias atividades avançadas de pesquisa. O IMPA recebe anualmente uma média de 70 professores para estágios de pós-doutorado. Muitos trabalhos de pesquisa em conjunto têm sido feitos em co-autoria por professores de universidades geograficamente afastadas, graças aos contatos efetivados durante o Programa de Verão. Além desses, mais de 100 estudantes, de graduação e pós-graduação, provenientes de universidades de quase todos os Estados brasileiros, assistem a cursos de matemática dentro do Programa de Pós-Graduação de Verão do Instituto.
Há vários anos o IMPA tem oferecido cursos de reciclagem de professores do Secundário. Tal atividade vem crescendo de importância e está sendo agora incorporada à programação regular. Há mais tempo ainda tem dado amplo apoio à Sociedade Brasileira de Matemática, em particular a seu programa de Olimpíadas de Matemática, tanto em âmbito nacional como em termos da participação do Brasil nas competições internacionais.
Apesar da crise das instituições nacionais nos anos 80 e início dos anos 90, o IMPA encontra-se hoje em plena atividade de pesquisa e formação de pesquisadores, contando com 35 pesquisadores. Como referido acima, as pesquisas atualmente desenvolvidas no IMPA abrangem as áreas de Álgebra e Geometria Algébrica, Análise - Equações Diferenciais Parciais e Dinâmica dos Fluidos, Computação Gráfica, Economia Matemática, Geometria Diferencial, Pesquisa Operacional e Otimização, Probabilidade e Sistemas Dinâmicos. Seus alunos de doutorado são oriundos de mais de uma dezena de países da América Latina e da Europa. Foi designado como Centro de Excelência para o Pós-Doutorado, em nível internacional, pela Third World Academy of Sciences (TWAS). É sede permanente da Sociedade Brasileira de Matemática, criada em 1969, e da União Internacional de Matemática, de 1990 a 1998, o que ocorre pela primeira vez fora dos países da Europa Ocidental e América do Norte.
Outra atividade fundamental que brotou no IMPA a partir das atividades de pesquisa e de formação de recursos humanos foi a publicação de material didático. Diversas séries de publicações do IMPA são utilizadas pelas universidades como referência bibliográfica em seus cursos de pós-graduação, e mesmo de graduação. Isto é particularmente verdadeiro para os livros do Projeto Euclides e da Coleção Matemática Universitária. A existência de uma literatura matemática brasileira, além de facilitar a tarefa de aprendizagem, constitui um estímulo às jovens vocações de pesquisadores. O IMPA lançou também, em colaboração com a Fundação Vitae, uma coleção de livros para professores de matemática do 2º grau, em apoio a seu programa de reciclagem de professores do Secundário.
Os pesquisadores do IMPA têm merecido inúmeros prêmios de âmbito nacional e internacional, como os prêmios Moinho Santista, Nacional de Ciência e Tecnologia Almirante Álvaro Alberto, Interamericano de Ciência Bernardo Houssay, Third World Academy of Sciences e Anísio Teixeira. Muitos deles são membros da Academia Brasileira de Ciências e possuem graus honoríficos de universidades. Por outro lado, mais de noventa por cento deles desfrutam de bolsas de pesquisa do CNPq.
Tudo isto faz com que o IMPA seja considerado hoje o instituto de matemática de maior prestígio na América Latina e de padrão científico semelhante às melhores instituições dos países desenvolvidos. Em 1994, a Comissão do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) que avaliou seus institutos concluiu que "a excelência do IMPA faz dele um modelo do que deve ser um instituto nacional de pesquisa básica e a ele devem ser proporcionadas as condições que lhe permitam preservar esta excelência".

FONTES: Site do Impa

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